EDUCAÇÃO SEM DISTÂNCIA

Desde que começou o isolamento social e as escolas precisaram se reinventar, já se passaram dois meses de aulas em casa. “Em casa sim, mas não à distância”, explica Annik Valentine, diretora de duas escolas de referência em Manaus, Bebê Bombom e Connexus. “Confesso que não achava possível educar de longe, sem distanciamento. Hoje me surpreendo com as possibilidades abertas pelas inúmeras ferramentas tecnológicas e, principalmente, com a criatividade e didática dos professores para aproximar os estudantes, ao ponto deles esquecerem que estão fisicamente separados”.  

Para a maioria dos alunos do Connexus foi “fácil” se adaptar à nova realidade educacional, já que há 4 anos a escola decidiu adotar uma plataforma digital como principal meio de acesso a conteúdos para estudo e gestão de informações, a Geekie One. A equipe da escola também trabalha com o sistema Google for Education e as crianças têm no currículo aulas de educação digital, o que ajuda muito a manter o foco nos estudos e a navegar com mais segurança no mundo digital.

Foto da sala de aula tradicional – alunos já familiarizados com as plataformas on-line

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“Apesar da pandemia, não ficamos nem uma semana sem aula. Claro que foi e está sendo um grande desafio. Mudamos a escola toda em tempo recorde. Em três dias já tínhamos material pronto, de conteúdo planejado, para ir para as casas. A rotina com os Chromebook (aparelhos Google similares a tablets com teclados), o hábito de estudar pela tela… tudo isso contribuiu para uma adaptação tranquila”, explica Gustavo Jinkings, Diretor de Inovação.

As aulas de Educação Sócio-emocional também têm ajudado muito, professores e alunos, a passarem por esse momento delicado de pandemia. Assuntos relacionados aos diversos contextos de vida são experimentados nas salas de aula on-line, seja por meio de vídeos ou debates virtuais (lives). “A verdade é que todos nós, mais do que nunca, precisamos de suporte emocional para lidar com os desafios que se apresentam. As rotinas foram mudadas, muitas famílias perderam entes queridos e, somado a tudo isso, ainda vivemos uma forte crise econômica e social. Saber lidar com os sentimentos é fundamental.”, explica Annik.

As turmas do Ensino Médio- que se preparam para diversos exames- contam ainda com o apoio do Método Leal, um sistema de orientação que associa inteligência emocional, psicologia positiva e bem-estar aos métodos de estudos já tradicionais. “O trabalho se apóia em técnicas de autoconhecimento, neurociência aplicada e mindfulness”, explica Fernanda Leal, idealizadora. A especialista, que é de fora de Manaus, mantém encontros semanais com os estudantes do Connexus. “Queremos que percebam que a felicidade faz toda diferença no desempenho deles e que não precisam abrir mão disso para ter sucesso, ao contrário. O mais importante é ter uma rotina equilibrada, estipular metas tangíveis e monitorá-las”, dá a dica.

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Fernanda Leal – idealizadora do Método Leal com as turmas do Nono Ano e Ensino Médio, em período pré-pandemia.

Algumas aulas foram radicalmente alteradas. A disciplina Empreendedorismo Social, por exemplo, voltou-se para a pandemia. Estudantes do primeiro e do segundo anos do Ensino Médio, que trabalhavam em projetos diversos, passaram a se concentrar na ajuda aos mais necessitados. Criaram uma campanha para arrecadação de donativos e conseguiram mandar cerca de 70 kits, com mantimentos e também artigos de higiene, para indígenas no Alto Rio Negro. “A ideia, inicialmente, era socorrer profissionais da saúde. Mas, quando concluímos a arrecadação, ficamos sabendo da difícil situação dos indígenas em São Gabriel da Cachoeira, o que motivou o envio das cestas de barco para lá”, explica o professor. 

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Insumos arrecadados para doação e enviados para o interior – iniciativa dos estudantes da disciplina de empreendedorismo social

A coordenadora pedagógica Nivia Carvalho conta que muitas aulas têm superado todas as expectativas. “É impressionante ver a escola em casa. Várias atividades têm mobilizado os pais, que têm contribuído muito para a manutenção da rotina de estudos. Uma aula com grande engajamento, por exemplo, foi sobre Identidade nas Redes Sociais”, conta. “Ao estudarmos algumas teorias (como do psicanalista Erik Erikson), refletimos sobre o mau uso das ferramentas tecnológicas e como isso pode atrapalhar na construção da identidade digital. Foi muito legal vê-los perceber o valor da autenticidade. A autenticidade é muito importante para uma melhor auto-imagem”, acrescenta a professora Liliane Lira. 

As aulas no Connexus combinam conteúdos e abordagens diversas, num sistema natural de multidisciplinaridade. 

A professora Liliane trabalha tão bem isso que foi convidada pela Geekie para expor suas práticas pedagógicas para professores de todo o Brasil. “Acho que a criatividade é o ponto central. Procuro criar o melhor ambiente possível para o aprendizado. Por exemplo: essa atividade, que descrevi há pouco, foi trabalhada em duas séries. Os alunos do sétimo ano expressaram seus pensamentos através do Jambord, uma ferramenta interativa e colaborativa, onde definiram o que era autenticidade para eles. Já o oitavo ano debateu A Felicidade Postada nas Redes Sociais e pôde associar a imagem de felicidade transmitida pela internet a problemas de auto-estima. Nesse caso, como evidencia de aprendizagem, criaram manchetes jornalísticas utilizando a ferramenta PadLet”, completa. 

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Aula em sistema Hangout. Interação entre professor e estudantes em tempo real.

Química, matemática e  física também ganham novos recursos. Com um professor Youtuber, de voz grave e ´meio fanha`, é difícil não prestar atenção na aula. “O Ewerton é demais! Sabe aquele filme Meu Malvado Favorito? É por isso que eu amo matemática, porque o Ewerton faz parecer desafiador”, diverte-se Maria Eduarda Freire, de 15 anos, ao falar do professor que segundo ela “é mais que um mestre, um amigo de todo mundo”.  

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Professora orientando estudantes nas aulas on-line.

Mas, claro que no Connexus, nem tudo é graça. A rotina puxada de estudos continua, assim como as provas. Há vários anos os estudantes, a partir do Fundamental 1, são submetidos ao Geekie Test, uma prova digital aplicada em escolas de todas as regiões do País, onde são avaliados dentro do conteúdo exigido nacionalmente. O Connexus, em todos esses anos, sempre esteve entre as melhores instituições particulares de ensino do Brasil, segundo o ranking de desempenhos. E, por essa familiaridade com esse tipo de exame, a garotada tem tirado de letra as provas à distância.     

“Claro que está todo mundo morrendo de saudade do cheiro, do toque, da energia do outro. O que estamos fazendo é um esforço enorme para levar o mundo encantado do conhecimento e suas interações para dentro dos lares. Estamos muito orgulhosos de toda nossa equipe que se reinventou para a educação não parar, mais que isso: para que o futuro se fizesse presente hoje”, emociona-se Annik.